da saliva de silvia
escorre a cura
a saliva de silvia sara
a saliva sara surra
a saliva livra sarna
e assim, silvia
com sua boca em beijo
estanca a dor.
ela:
a vinda da selva,
a feita de seda;
a não-sei-um-quê-não-humano.
ela:
a escavadora das rochas,
a ceifadora dos frutos,
a colhedora da vida.
sim! silvia:
um milagre.
e milagre maior
é quando nos cura
– a nós todos! -,
com a sua língua.
silvia afetuosa
vive só.
e come suas estrelas
e banha-se no fogo
e corre em busca
– em busca do quê?
sem saber
silvia chora
então,
sua boca seca
e sua seiva acaba
e o milagre sofre
– como sofre! -,
pois sua lágrima
– queria eu não fosse –
é enxofre.
ela – a curadora – sente as dores
se contorce, e grita, e maldiz
está corroída,
é quase morta.
e seu pranto aumenta
e seu sal escorre
e seu grito ecoa
e torce as mãos, e bate os punhos, e sibila!
em espasmos silvia se socorre
de seu ventre brota a seiva
– sempre novamente –
e por dentro silvia sara
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